segunda-feira, 28 de maio de 2012

BAUHAUS no BARBICAN, LONDRES


   


     "Bauhaus - art as life" é o título de uma das exposições do Barbican Centre, complexo cultural da prefeitura de Londres, até o dia 12 de agosto. A exposição é excelente, não só pela importância do movimento da Bauhaus para a arquitetura e a arte no século XX, como também pela curadoria impecável. Ao sair da exposição, você terá visualmente claro o que é ser "vanguarda". Eu sabia que a Bauhaus foi vanguarda na arquitetura e no design. Hoje, aprendi que ela foi vanguarda em muito mais. A escola pregava o funcionalismo: a casa tem que ser funcional em tudo - dos móveis à iluminação e ao aproveitamento do espaço; a moda tem que ser funcional, a arte tem que ser funcional. 

     "De sua arte de vanguarda ao início do artesanato, a Bauhaus é o modelo mais radical de aprendizado unindo arte e tecnologia. Uma força no desenvolvimento do Modernismo, ela pensou em mudar a sociedade na sequência da Primeira Guerra Mundial, em achar uma nova maneira de viver", diz um dos textos da exposição.

     A Bauhaus durou 14 anos, de 1919 a 1933, na Alemanha. Sua primeira fase foi em Weimar e depois em Dessau, onde foi construído o famoso prédio da Bauhaus, que sintetizava a maneira inovadora de pensar do movimento. A exposição no Barbican Art Gallery mostra a construção artística pioneira da Bauhaus. Lá está o coração da Bauhaus: arte, design, as pessoas, a sociedade e a cultura. São mostrados mais de 400 trabalhos, numa variedade de pintura, escultura, arquitetura, filme, fotografia, mobiliário, gráficos, produtos de design, texteis, cerâmica e trabalhos para o teatro dos mestres da Bauhaus como Josef Albers, Marcel Breuer, Walter Gropius, Wassily Kandisky, Paul Klee, Ludwig Mies van der Rohe, Lászo Moholy-Nagy e outros ...

Mies Van der Rohe  dirigiu a Bauhaus no seu período final, em Dessau. Depois que a escola foi fechada pelos nazistas, que cortaram seus recursos, ele emigrou para os Estados Unidos e tornou-se um dos mais influentes arquitetos da primeira metade do século 20.  Considerado junto com Walter Gropius e Le Corbusier um dos mestres mundiais da arquitetura moderna, é dele a frase "Less is more ("Menos é mais"), expressão que costumava utilizar como justificativa do funcionalismo de seus projetos. A frase tornou-se a essência da arquitetura no meio do século 20.


  




entre o artesão e o artista... Mas todo artista deve necessariamente possuir competência técnica. Aí reside sua verdadeira fonte de inspiração criadora... Formaremos uma escola sem separação de gêneros que criam barreiras entre o artesão e o artista. Conceberemos uma arquitetura nova, a arquitetura do futuro, em que a pintura, a escultura e a arquitetura formarão um só conjunto.”.Essa citação consta no primeiro manifesto da Bauhaus, escrito em 1919 por Walter Gropius, mostram as idéias básicas da escola e o movimento q ela causou na Alemanha, entre 1919 e 1933. 



Período de Weimar.Em 1919, o arquiteto alemão Walter Gropius integrou duas escolas existentes na cidade de Weimar, a Escola de Artes e Ofícios, do belga Henri van de Velde, e a de Belas-Artes, do alemão Hermann Muthesius, e fundou uma nova escola de arquitetura e desenho a que deu o nome de Staatliches Bauhaus (Casa Estatal de Construção), com sede em um edifício construído em 1905 por Van de Velde.Um dos primeiros movimentos da Bauhaus foi o Arts and Crafts, do inglês William Morris, que procurou restabelecer a dignidade medieval do artesanato e do artesão. Porém, o ensino da Bauhaus opunha-se às concepções de Morris, contrárias à revolução tecnológica e à produção em série. Também não agradava a Gropius o estilo art nouveau, devido a seu caráter decorativo e esteticista.


A associação Deutscher Werkbund foi a que mais elevou a Bauhaus. Fundada em 1907 por Hermann Muthesius para incentivar as relações entre os artistas modernos, os artesãos qualificados e a indústria. Muthesius desejava criar o que chamava de Maschinenstil (estilo da máquina). Gropius, que foi membro da Werkbund, materializou esse objetivo, em grande parte, na Bauhaus.
A Bauhaus combatia a arte pela arte e estimulava a livre criação com a finalidade de ressaltar a personalidade do homem. Mais importante que formar um profissional, segundo Gropius, era formar homens ligados aos fenômenos culturais e sociais mais expressivos do mundo moderno. Por isso, entre professores e alunos havia liberdade de criação, mas dentro de convicções filosóficas comuns.“A arquitetura é a meta de toda a atividade criadora. Completá-la e embelezá-la foi, antigamente, a principal tarefa das artes plásticas... Não há diferença fundamental”.


terça-feira, 15 de maio de 2012

DABBOUS - LONDRES



DABBOUS - LONDRES

Guardem este nome: Ollie Dabbous, um dos novos chef mais celebrados no circuito da alta gastronomia de Londres. Você não vai encontrar nenhuma indicação do pequeno restaurante dele nos guias de Londres (ainda não …), mas tentar conseguir um lugar no pequeno restaurante no endereço 39 Whitfield Street é uma tarefa impossível. Almoço? Junho. Jantar para dois no fim de semana? Setembro!
Dabbous é jovem (- de 30 anos) mas já tem um currículo invejável na gastronomia. Trabalhou com Raymond Blanc (Le Manoir Au Quat' Saison, por quatro anos); no Mugaritz, em São Sebastian e no Texture, em Londres. A palavra no alto círculo da gastronomia é que Dabbous “is the Next Big Thing” in London town (pronuncia-se Da-boo, sem o s). Sim, ele também estagiou no The Fat Duck, no Noma, em Copenhagen, e no WD-50, em Nova York.
A cozinha do chef Ollie é moderna, contemporânea. Os críticos dizem que ele foi treinado na culinária clássica, domina as técnicas da moderna gastronomia e exerce a sua cozinha de autor, sua própria criatividade. O resultado é uma culinária única, inventiva, surpreendente, irretocável. O Dabbous está instalado onde funcionou o primeiro cyber café de Londres, o Cyberia, em 1994. Dizem que não mudou muito a decoração que tinha no cyber, o que já levou alguns críticos a reclamar de tanto “despojamento” no decor para tamanha fama da cozinha.
No almoço de hoje (consegui mesa para dois, para mim e para minha irmã Neiva porque reservei há dois meses, minutos depois de ter lido uma reportagem enorme sobre o chef). Pedimos o Set Lunch Menu, com três cursos, ao preço de 21 pounds (cerca de R$ 60,00). Na minha opinião, valeu cada centavo de pound. Pedimos uma “carafe”, meia garrafa de vinho, um espanhol, ao custo de 8,50 pounds (R$ 25,50).
De entrada, provei a “Ervilha com menta”, um delicado creme de ervilha e menta, com consistência de abacate, ervilhas crocantes em cima e filetes de sorbet de menta (foto abaixo).


A entrada da Neiva: “Cebolas mistas em infusão de baby pinhão”. Olhem a foto:





Pedimos, como prato principal, carne de vitela cozida (no fogo bem baixo, “braised”, lembrei das aulas da Alice), envolta numa caminha de trigo, baby salsinha, kinome (sorry, não sei o que é … hehehehe) e … alho cor de rosa, “pink alho”! O prato estava sutil, maravilhoso, todos os sabores numa combinação perfeita!



Sobremesas: a Neiva pediu um sorbet de “lovage” … “Iced Lovage” - um sorbet de ervas. Lovage é uma espécie de “aipo bravo”. Nas palavras da própria comensal, é mais criativa do que saborosa … Eu fui de seleção de queijos (todos ingleses), que vieram com uma maçã assada … A maçã, deliciosa, foi retirada do forno segundos segundos antes do ponto de virar um chutney. Estava divina!



A foto acima é do pão servido antes da entrada. Vem nesse saquinho de padaria, com a data. O pão veio morno e crocante, acompanhado de uma manteiga. Se alguém aí do Brasil quiser conferir, recomendo que tente fazer a reserva uns três meses antes de vir a Londres. Com sorte, conseguem uma mesa para jantar … O site do Dabbous é dabbous.co.uk/
P.S. A comida desse chef é mais uma evidência que Londres é hoje um “must go” para quem gosta de comer bem. E a boa notícia: a preços razoáveis, mesmo para quem tem que converter a moeda num múltiplo de mais de três, como nós, brasileiros. Eu tenho comido bem não só em restaurantes estrelados como também nos almoços de todo o dia.




domingo, 13 de maio de 2012

DAMIEN HIRST

    Hoje foi dia de ir na Tate Modern ver a exposição do artista plástico britânico Damien Hirst, que ficará lá até 9 de setembro. Foi a primeira vez que vi os trabalhos desse artista, que desperta muita controvérsia com obras como a do tubarão conservado no formol (fotos acima e abaixo). As obras dele são vendidas por milhões de dólares (como esta, do tubarão). A exposição é muito legal! Fiquei impressionada como o trabalho dele se conecta com o público, de todas as idades. As crianças pareciam bem interessadas e as pessoas mais velhas também demonstravam estar curtindo muito.


    Damien Hirst surgiu no cenário artístico em Londres na exposição Freeze, em 1988, a qual ele criou e foi curador. Logo tornou-se um dos artistas mais proeminentes da sua geração. Esta obra do tubarão se chama The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone (A física impossibilidade da morte na mente de alguém). Falando em título de obra, gostei muito dos títulos escolhidos por ele para seus trabalhos. Em uma das salas da exposição, com borboletas saindo das telas e voando pela sala, o título é In and Out of Love (mais ou menos como "dentro e fora do Amor). 

 E há outra obra que me tocou muito, eu conhecia só de fotografia. Foi apresentada na Bienal de Veneza em 1993. É Mother and Child Divided (Mãe e filho divididos). Burlei a segurança para tirar as fotos postadas abaixo. São uma vaca e um bezerrinho, separados. Mas não só, eles foram também cortados ao meio, então se pode ver de um lado a pele, de outro os órgãos internos. Quando vi, pensei que é exatamente isso que nós, humanos, fizemos com os animais.



Há também Black Sheep, de 2007, um carneiro preto conservado em formol no meio da sala. Na parede, um enorme tapete de lã preta, redondo, como um grande sol preto.  E há uma sala com imensos vitrais coloridos, como estamos acostumados a ver nas igrejas aqui na Europa. Só que os vitrais de Hirst são feitos com asas de borboletas. A vida imitando a arte ... ou será o contrário?