sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lucio Fontana na Tate Modern




Lucio Fontana é um artista, pintor e escultor argentino-italiano (1899/1968). Foi um dos integrantes do movimento arte povera. Suas obras transitam por vários estilos, do barroco ao cubismo e futurismo. Em 1947 vai morar em Milão, onde cria o Movimento Espacialista. A partir de 1948 ele começa a pintar em uma só cor e a "maltratar" as telas, fazendo rasgos, buracos na tela. É a primeira vez que um artista "ataca" a superfície da tela. Fontana introduz em seus trabalhos a noção de espaço, de profundidade e é um dos primeiros artistas a falar em arte conceitual, que privilegia a idéia no lugar da obra executada.

A tela "Waiting", pintada em 1960 está na Tate Modern, em Londres, é classificada como um de seus "conceitos espaciais". Ao lado do quadro pode-se ler um texto do neurocientista Colin Blakemore sobre essa tela de Lucio Fontana.  Transcrevo suas palavras:"O que acontece aqui? Um quadro cortado na Tate Modern! Mas não chame a polícia. Em vez disso, reflita sobre a natureza das pinturas. Elas são paradoxos - objetos ambíguos com múltiplos significados. A pintura é um objeto em si ("a picture is a thing in its own right"), uma pedaço de lona espichada e comprimida em uma moldura. Mas os pigmentos de tinta ou outros materiais que são espalhados em sua superfície evocam outras coisas, percepções imaginadas. A superfície é plana, embora as impressões criadas possam ser sólidas. A superfície do quadro está aqui e agora; as percepções podem estar no passado, no futuro, no céu ou no inferno. A pintura de Lucio Fontana força o visitante a confrontar o paradoxo. A ausência de pigmento disfarça a ríspida realidade de sua pintura. E o talho nos permite perscrutar o espaço por trás disso - apenas para encontrar não um outro mundo, o próprio espaço. Fontana provoca o cérebro. Ele glorifica o ato anárquico de violência contra o Nada. Ele desafia a nossa confortável noção do que é uma obra de arte".

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