quarta-feira, 11 de julho de 2012

Próximo destino ... adivinhem onde será?



Peço desculpas aos meus queridos poucos leitores, mas ando sem tempo para postar aqui no blog! Logo vou retomar! Assim que der, quero ver se consigo ir ver duas exposições aqui - Ticiano (National Gallery) e Munch, da Tate Modern. 

 Como uma amiga me chamou de desalmada (risos), resolvi quebrar o jejum com esta charada: ganha um presentinho do local quem adivinhar onde vou passar uma semana (de 21 a 28 de julho), antes de fechar as malas de volta ao Brasil.

Além das fotos para tornar a tarefa mais fácil, darei também algumas dicas:

-  O lugar é no Mar Mediterrâneo; 

- Quem mora lá fala uma língua românica com influências do fenício, do etrusco e de outras línguas do oriente;

- Os pássaros (fotos) são flamingos.

Então, que lugar é?





quinta-feira, 21 de junho de 2012

Exposição de fotografia em Londres - Saatchi Gallery






 Foto de David Benjamin Sherry


 Foto de Katy Grannan


Eu gosto muito da Saatchi Gallery em Londres. Gosto de ir lá ver arte contemporânea. Gosto sobretudo porque lá é um dos poucos lugares que conseguem me surpreender. É diferente quando se vai a um museu como a National Gallery, que é um dos cinco melhores do mundo, com certeza. Mas na National Gallery você vai para "fruir" arte, se deleitar, se deslumbrar, comprovar, conferir o talento fascinante dos maiores artistas de todas as épocas. Você vai lá apreciar uma obra-prima, tenha ela 100, 200, 500 anos. É maravilhoso, eu simplesmente adoro, tanto é que esse foi um dos motivos pelo qual escolhi Londres para ser o lugar do meu ano sabático, mesmo com a libra muito mais valorizada do que o dólar.

Mas na Saatchi eu vou para me surpreender. Para saber o que está por vir, o que vai influenciar pelos próximos anos artistas jovens do mundo inteiro. É uma experiência inigualável! Desta vez não foi diferente. Fui lá conferir uma exposição de fotografia - "Out of focus - Photography" - uma brincadeira já no título, "fora de foco". A exposição é excelente! Incrível! Tem fotos de 38 fotógrafos de várias partes do mundo, com trabalhos criativos, inventivos, geniais! Há colagem, montagem, interação com design gráfico, photoshop, de tudo um pouco, além, claro, muitas fotografias de primeira linha. A cada sala, um olhar novo, uma nova abordagem, uma nova proposta. O trabalho de uma fotógrafa, Katy Grannan, de São Francisco, é de uma força impressionante! Ela fotografa pessoas - Anônimas - o nome do trabalho, como elas são, nuas e cruas. Olhem de novo a foto dela acima é dela, olhem a expressão no rosto dessa "anônima" de uns 90 aninhos ...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Arte Invisível tem exposição em Londres




O museu Hayward Gallery de Londres (em Southbank Centre) está com uma exposição de arte invisível. Isso mesmo, INVISÍVEL! Segundo foi divulgado, o objetivo é "quebrar paradigmas". Estão expostas 50 peças (invisíveis) na exposição. Ah, e não é gratuita: a criatura tem que pagar 8 pounds (cerca de R$ 25,00) para ver o ... invisível. Leio que uma das obras tem como título "1000 horas para olhar". Trata-se de um pedaço de papel em branco.

Tem outra "obra" que parece ser ainda mais interessante: "O show do ar-condicionado": você entra em uma sala larga e branca que só não está vazia porque lá estão dois aparelhos (brancos) de ar condicionado trazendo ar fresco. Legal, não? Uma das fotos publicadas nos jornais londrinos mostra uma visitante, de preto, em pé ao lado de tanta brancura ... (risos). O jornal faz uma ironia, sugere que se a temperatura esquentar (o que ainda não ocorreu exatamente aqui nesta chuvosa Londres), as pessoas deveriam dar uma olhadinha nessa obra da exposição.

 Este post é o primeiro post no blog no qual falo sobre uma exposição à qual eu não fui, mas tenho certeza de que meus (poucos) leitores compreenderão (rs). Como ainda há outras importantes exposições para ir, acho que voltarei ao Brasil sem visitar a invisível arte. 

Não li tudo o que os jornais publicaram a respeito, claro. Mas vi que as opiniões são díspares. Para um, trata-se de uma exposição "inesperadamente profunda". Outros tentam orientar os visitantes com informações sobre o que irão encontrar e há tablóides que v ão logo avisando que "não há muito o que ver" na dita exposição . Após alguns passos percorrendo a exposição "Art About the Unseen 1957-2012", alguns poderão imaginar que a exposição ainda não terminou de ser montada, mas que não se enganem: está tudo lá". Um jornal foi longe na ironia: como a exposição é invisível, por que não fazer uma visita invisível, isto é, não ir, mas contemplar as ideias expostas no museu de sua poltrona em casa.

A exposição ficará até 6 de agosto.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lucio Fontana na Tate Modern




Lucio Fontana é um artista, pintor e escultor argentino-italiano (1899/1968). Foi um dos integrantes do movimento arte povera. Suas obras transitam por vários estilos, do barroco ao cubismo e futurismo. Em 1947 vai morar em Milão, onde cria o Movimento Espacialista. A partir de 1948 ele começa a pintar em uma só cor e a "maltratar" as telas, fazendo rasgos, buracos na tela. É a primeira vez que um artista "ataca" a superfície da tela. Fontana introduz em seus trabalhos a noção de espaço, de profundidade e é um dos primeiros artistas a falar em arte conceitual, que privilegia a idéia no lugar da obra executada.

A tela "Waiting", pintada em 1960 está na Tate Modern, em Londres, é classificada como um de seus "conceitos espaciais". Ao lado do quadro pode-se ler um texto do neurocientista Colin Blakemore sobre essa tela de Lucio Fontana.  Transcrevo suas palavras:"O que acontece aqui? Um quadro cortado na Tate Modern! Mas não chame a polícia. Em vez disso, reflita sobre a natureza das pinturas. Elas são paradoxos - objetos ambíguos com múltiplos significados. A pintura é um objeto em si ("a picture is a thing in its own right"), uma pedaço de lona espichada e comprimida em uma moldura. Mas os pigmentos de tinta ou outros materiais que são espalhados em sua superfície evocam outras coisas, percepções imaginadas. A superfície é plana, embora as impressões criadas possam ser sólidas. A superfície do quadro está aqui e agora; as percepções podem estar no passado, no futuro, no céu ou no inferno. A pintura de Lucio Fontana força o visitante a confrontar o paradoxo. A ausência de pigmento disfarça a ríspida realidade de sua pintura. E o talho nos permite perscrutar o espaço por trás disso - apenas para encontrar não um outro mundo, o próprio espaço. Fontana provoca o cérebro. Ele glorifica o ato anárquico de violência contra o Nada. Ele desafia a nossa confortável noção do que é uma obra de arte".

THE LEDBURY - Londres

O restaurante The Ledbury, em Londres, tem duas estrelas no Guia Michelin. Mais do que merecidas! Fica em Notting Hill e o chef é o australiano Brett Graham. Leio que passou do 34o lugar para o 14o entre os 50 melhores do mundo. O Ledbury estava na minha lista há meses e superou minhas expectativas. A comida é impecável. Saborosa, criativa, perfeita. O serviço é também admirável, profissional e atencioso na medida, sem invadir a privacidade da conversa dos comensais.

O restaurante foi aberto em 2005. Em 2011 passou a integrar a lista dos 50 melhores do mundo, e subiu mais de 20 pontos este ano. 

Vamos aos pratos: como entrada, pedi Codorna assada com lentilhas e tirinhas de presunto; minha irmã o Mackerel grelhado e meu sobrinho Aspargo branco com presunto de pato cozinhos no chá Earl Grey e parmesão.

Codorna:


Aspargos brancos:


Pratos principais:

Filetes de carne de veado de Berkshire com beterraba branca e molho de tutano defumado. S-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l!


Peito de pombo assado, com folhas vermelhas e legumes, Foie Gras e cerejinhas.


Sobremesas saboreadas:

Suflê de maracujá com sorvete de Sauternes! (deliciosa, vou lembrar desse sabor por muito tempo ...)



Torta de açúcar mascavo com uvas e sorvete de gengibre:


Parfait de flores secas com morangos selvagens, chocolate branco, e tapioca quente com baunilha: (não sei se dá para ver direito a "arvorezinha" feita para decorar).


segunda-feira, 28 de maio de 2012

BAUHAUS no BARBICAN, LONDRES


   


     "Bauhaus - art as life" é o título de uma das exposições do Barbican Centre, complexo cultural da prefeitura de Londres, até o dia 12 de agosto. A exposição é excelente, não só pela importância do movimento da Bauhaus para a arquitetura e a arte no século XX, como também pela curadoria impecável. Ao sair da exposição, você terá visualmente claro o que é ser "vanguarda". Eu sabia que a Bauhaus foi vanguarda na arquitetura e no design. Hoje, aprendi que ela foi vanguarda em muito mais. A escola pregava o funcionalismo: a casa tem que ser funcional em tudo - dos móveis à iluminação e ao aproveitamento do espaço; a moda tem que ser funcional, a arte tem que ser funcional. 

     "De sua arte de vanguarda ao início do artesanato, a Bauhaus é o modelo mais radical de aprendizado unindo arte e tecnologia. Uma força no desenvolvimento do Modernismo, ela pensou em mudar a sociedade na sequência da Primeira Guerra Mundial, em achar uma nova maneira de viver", diz um dos textos da exposição.

     A Bauhaus durou 14 anos, de 1919 a 1933, na Alemanha. Sua primeira fase foi em Weimar e depois em Dessau, onde foi construído o famoso prédio da Bauhaus, que sintetizava a maneira inovadora de pensar do movimento. A exposição no Barbican Art Gallery mostra a construção artística pioneira da Bauhaus. Lá está o coração da Bauhaus: arte, design, as pessoas, a sociedade e a cultura. São mostrados mais de 400 trabalhos, numa variedade de pintura, escultura, arquitetura, filme, fotografia, mobiliário, gráficos, produtos de design, texteis, cerâmica e trabalhos para o teatro dos mestres da Bauhaus como Josef Albers, Marcel Breuer, Walter Gropius, Wassily Kandisky, Paul Klee, Ludwig Mies van der Rohe, Lászo Moholy-Nagy e outros ...

Mies Van der Rohe  dirigiu a Bauhaus no seu período final, em Dessau. Depois que a escola foi fechada pelos nazistas, que cortaram seus recursos, ele emigrou para os Estados Unidos e tornou-se um dos mais influentes arquitetos da primeira metade do século 20.  Considerado junto com Walter Gropius e Le Corbusier um dos mestres mundiais da arquitetura moderna, é dele a frase "Less is more ("Menos é mais"), expressão que costumava utilizar como justificativa do funcionalismo de seus projetos. A frase tornou-se a essência da arquitetura no meio do século 20.


  




entre o artesão e o artista... Mas todo artista deve necessariamente possuir competência técnica. Aí reside sua verdadeira fonte de inspiração criadora... Formaremos uma escola sem separação de gêneros que criam barreiras entre o artesão e o artista. Conceberemos uma arquitetura nova, a arquitetura do futuro, em que a pintura, a escultura e a arquitetura formarão um só conjunto.”.Essa citação consta no primeiro manifesto da Bauhaus, escrito em 1919 por Walter Gropius, mostram as idéias básicas da escola e o movimento q ela causou na Alemanha, entre 1919 e 1933. 



Período de Weimar.Em 1919, o arquiteto alemão Walter Gropius integrou duas escolas existentes na cidade de Weimar, a Escola de Artes e Ofícios, do belga Henri van de Velde, e a de Belas-Artes, do alemão Hermann Muthesius, e fundou uma nova escola de arquitetura e desenho a que deu o nome de Staatliches Bauhaus (Casa Estatal de Construção), com sede em um edifício construído em 1905 por Van de Velde.Um dos primeiros movimentos da Bauhaus foi o Arts and Crafts, do inglês William Morris, que procurou restabelecer a dignidade medieval do artesanato e do artesão. Porém, o ensino da Bauhaus opunha-se às concepções de Morris, contrárias à revolução tecnológica e à produção em série. Também não agradava a Gropius o estilo art nouveau, devido a seu caráter decorativo e esteticista.


A associação Deutscher Werkbund foi a que mais elevou a Bauhaus. Fundada em 1907 por Hermann Muthesius para incentivar as relações entre os artistas modernos, os artesãos qualificados e a indústria. Muthesius desejava criar o que chamava de Maschinenstil (estilo da máquina). Gropius, que foi membro da Werkbund, materializou esse objetivo, em grande parte, na Bauhaus.
A Bauhaus combatia a arte pela arte e estimulava a livre criação com a finalidade de ressaltar a personalidade do homem. Mais importante que formar um profissional, segundo Gropius, era formar homens ligados aos fenômenos culturais e sociais mais expressivos do mundo moderno. Por isso, entre professores e alunos havia liberdade de criação, mas dentro de convicções filosóficas comuns.“A arquitetura é a meta de toda a atividade criadora. Completá-la e embelezá-la foi, antigamente, a principal tarefa das artes plásticas... Não há diferença fundamental”.


terça-feira, 15 de maio de 2012

DABBOUS - LONDRES



DABBOUS - LONDRES

Guardem este nome: Ollie Dabbous, um dos novos chef mais celebrados no circuito da alta gastronomia de Londres. Você não vai encontrar nenhuma indicação do pequeno restaurante dele nos guias de Londres (ainda não …), mas tentar conseguir um lugar no pequeno restaurante no endereço 39 Whitfield Street é uma tarefa impossível. Almoço? Junho. Jantar para dois no fim de semana? Setembro!
Dabbous é jovem (- de 30 anos) mas já tem um currículo invejável na gastronomia. Trabalhou com Raymond Blanc (Le Manoir Au Quat' Saison, por quatro anos); no Mugaritz, em São Sebastian e no Texture, em Londres. A palavra no alto círculo da gastronomia é que Dabbous “is the Next Big Thing” in London town (pronuncia-se Da-boo, sem o s). Sim, ele também estagiou no The Fat Duck, no Noma, em Copenhagen, e no WD-50, em Nova York.
A cozinha do chef Ollie é moderna, contemporânea. Os críticos dizem que ele foi treinado na culinária clássica, domina as técnicas da moderna gastronomia e exerce a sua cozinha de autor, sua própria criatividade. O resultado é uma culinária única, inventiva, surpreendente, irretocável. O Dabbous está instalado onde funcionou o primeiro cyber café de Londres, o Cyberia, em 1994. Dizem que não mudou muito a decoração que tinha no cyber, o que já levou alguns críticos a reclamar de tanto “despojamento” no decor para tamanha fama da cozinha.
No almoço de hoje (consegui mesa para dois, para mim e para minha irmã Neiva porque reservei há dois meses, minutos depois de ter lido uma reportagem enorme sobre o chef). Pedimos o Set Lunch Menu, com três cursos, ao preço de 21 pounds (cerca de R$ 60,00). Na minha opinião, valeu cada centavo de pound. Pedimos uma “carafe”, meia garrafa de vinho, um espanhol, ao custo de 8,50 pounds (R$ 25,50).
De entrada, provei a “Ervilha com menta”, um delicado creme de ervilha e menta, com consistência de abacate, ervilhas crocantes em cima e filetes de sorbet de menta (foto abaixo).


A entrada da Neiva: “Cebolas mistas em infusão de baby pinhão”. Olhem a foto:





Pedimos, como prato principal, carne de vitela cozida (no fogo bem baixo, “braised”, lembrei das aulas da Alice), envolta numa caminha de trigo, baby salsinha, kinome (sorry, não sei o que é … hehehehe) e … alho cor de rosa, “pink alho”! O prato estava sutil, maravilhoso, todos os sabores numa combinação perfeita!



Sobremesas: a Neiva pediu um sorbet de “lovage” … “Iced Lovage” - um sorbet de ervas. Lovage é uma espécie de “aipo bravo”. Nas palavras da própria comensal, é mais criativa do que saborosa … Eu fui de seleção de queijos (todos ingleses), que vieram com uma maçã assada … A maçã, deliciosa, foi retirada do forno segundos segundos antes do ponto de virar um chutney. Estava divina!



A foto acima é do pão servido antes da entrada. Vem nesse saquinho de padaria, com a data. O pão veio morno e crocante, acompanhado de uma manteiga. Se alguém aí do Brasil quiser conferir, recomendo que tente fazer a reserva uns três meses antes de vir a Londres. Com sorte, conseguem uma mesa para jantar … O site do Dabbous é dabbous.co.uk/
P.S. A comida desse chef é mais uma evidência que Londres é hoje um “must go” para quem gosta de comer bem. E a boa notícia: a preços razoáveis, mesmo para quem tem que converter a moeda num múltiplo de mais de três, como nós, brasileiros. Eu tenho comido bem não só em restaurantes estrelados como também nos almoços de todo o dia.