sexta-feira, 13 de abril de 2012

Praga: para guardar na memória


    (O quadro acima é de um artista contemporâneo theco. Não é impressionante como lembra as obras da Tarsila?)

Conhecer Praga era um dos itens do topo da minha lista. Eu queria tanto ir que até tinha medo de ficar um pouco frustrada. Mas não. A cada esquina, você se surpreende com mais um prédio deslumbrante que surge na sua frente. Você para um pouquinho para apreciar, tirar uma foto, ou tentar lembrar se você leu alguma coisa sobre este tesouro da arquitetura que está ali para seu desfrute. Esta cena se repete incontáveis vezes ao dia. Praga é muito mais do que as fotos mostram, muito mais do que a gente imagina. No frio, com sol ou com nuvens, a cidade é exuberante, contagiante.

Fiz um city tour bem básico, de duas horas, mas deu para ter uma ideia razoável de Praga. O rio Moldava percorre a cidade,  localizada nas colinas da Boêmia central, e é uma espécie de santo padroeiro para embelezar qualquer foto. A parte antiga da cidade fica ao sul da curva do rio - a Ponte Carlos, a passagem original sobre o rio Moldava, é o ponto de origem do crescimento da cidade. No lado ocidental fica Malá Strana (Pequeno Bairro), onde eu estava hospedada (seguindo orientação do Ricardo Freire). O bairro Malá Strana é chamado nos guias turísticos de "a Rive Gauche" de Praga, por causa dos belos edifícios barrocos e praças cercadas de bares e cafés.

Na parte oriental da Ponte Carlos fica a rua Karlova, lotada de turistas que leva ao coração da Cidade Velha (Staré Mesto) medieval.  Lá estão as atrações mais conhecidas de Praga, como o Relógio Astronômico, a Casa Municipal (um prédio maravilhoso em estilo art noveau mas onde se paga uma fortuna por um sanduichezinho mais ou menos), o Museu Judaico (que não deu tempo de ir). Mas há ainda muitos "high lights", como a Praça Venceslau, o Museu Mucha, o Museu Nacional, entre outros destaques.

Um amigo sugeriu que eu escrevesse sobre as minhas impressões de Praga. Bem, além da paixão já confessada no início, eu diria que o pensamento que mais me ocorreu nos quatro dias em que estava lá foi: como esse povo sabia viver! Esse "savoir vivre" pode ser sentido a cada relíquia de arquitetura gótica, barroca, art nouveau com a qual você tem a sorte de se deparar. O guia Lonely Planet chama a atenção que em Praga novo significa ser do século XIV. Dá para imaginar? O Brasil nem sequer tinha sido descoberto. Outra coisa impressionante é o quanto as pessoas (eu também, claro!) sabem quase nada sobre a história de Praga, que já foi sede do Sacro Império Romano. Resume o Lonely Planet: "não o império de Nero em Roma, mas a miscelânea de reinos e principados cristãos espalhados pela Europa, que haviam se desenvolvido nos séculos XIV e XV".

  É preciso um bom conhecimento de arquitetura para reconhecer os exemplos majestosos de prédios nos estilos barroco, gótico, românico, renascentista, neoclássico e outros neos, art nouveau, cubista, funcionalista e os construídos durante o tempo em que os tchecos viveram sobre o domínio comunista.

E ainda nem falei sobre arte, que foi um dos pontos altos da viagem à Praga. A cidade respira arte - de todos os períodos - e acho que há mais galerias de arte do que peixes no rio Moldava. O próprio hotel em que fiquei já era uma viagem pelo design, com móveis vintage das décadas de 50, 60 e 70. Há os museus do Alfons Mucha (art nouveau),  do Dvorak e do Kafka. Quatro dias é muito pouco para tanta oferta. Mas consegui ficar duas horas no Palácio Veletrzní (Palácio da Feira Comercial), um prédio funcionalista construído em 1928 para feiras comerciais. Hoje abriga uma maravilhosa coleção de arte tcheca e europeia dos séculos XX e XXI da Galeria Nacional. Tinha uma exposição lá (não sei se era permanente ou temporária, nem deu tempo de checar isso) com pequenas maquetes sobre cenários feitos para montagem das peças teatrais nas duas primeiras décadas do século passado. Fiquei encantada, porque foi uma "aula" sobre a modernidade da vanguarda na cenografia. Uma maravilha. Cenários minimalistas para montagens de "Otelo", "Hamlet", e outras peças famosas que ainda hoje seriam arrojados. 

Para terminar, porque este post está imenso, Praga é uma maravilha que merece ser visitada. Para os sortudos que puderem, mais de uma vez.


2 comentários:

  1. Miriam, adorei ler sobre sua ida à Praga. Adorei identificar as riquezas da Arte expressada em cada palavra sua, parabéns!
    Os seus últimos textos tem sido um verdadeiro aprendizado para mim,estão contribuíndo para o meu trabalho, obrigada!
    Tudo de bom! Beijos com saudades
    Rejane Silene de Castro

    ResponderExcluir
  2. Uau!!! Em relação a Praga, comigo também sempre foi "nunca te vi, sempre te amei". Recentemente, uma pessoa visitou Paris pela primeira vez e ficou bem decepcionada. Disse que sentiu a cidade exaurida. Não é pra menos: filas nas portas dos museus, na torre Eiffel, empurra-empurra para ver Mona Lisa. O jeito de curtir o charme da cidade é fugir da sofreguidão do turista que quer absorver tudo em poucos dias. Mas, apesar de tudo, essas cidades reais que habitam nosso imaginário sempre guardam seus segredos, aqueles que o turista pode usufruir sem qualquer perigo de excesso de bagagem na volta para casa. Fico feliz com as impressões. Praga que me aguarde.

    ResponderExcluir